UROLOGIACAU

 CENTRO DE UROLOGIA E NEFROLOGIA

PETRÓPOLIS - CARLOS GOMES

Ejaculação precoce.

    Ejaculação precoce (EP) é a dificuldade de percepção das sensações que antecedem o orgasmo, e que ocorre após uma rápida estimulação sexual. A ejaculação precede o momento desejado, de forma recorrente, acontecendo antes ou imediatamente após a penetração, causando descontentamento ao casal. Acomete uma fatia da população masculina que varia de 5 até 42%, sendo mais freqüente na faixa dos vinte aos trinta anos. Esta situação leva a um importante impacto negativo sobre a qualidade de vida do casal, repercutindo inclusive no seu cotidiano.

    A EP pode ser classificada como um distúrbio primário (toda a história sexual é marcada por ejaculações rápidas) ou secundário/situacional, isto é, adquirido após um período de função normal e, muitas vezes, relacionado a alguma outra disfunção sexual.

    A etiologia tem sido, mais recentemente, relacionada a problemas de neurotransmissão (teoria neurobiológica). As causas, de origem emocional ou psicológica, mais comuns são: baixa freqüência sexual, insegurança e ansiedade de desempenho, desconhecimento da sexualidade, relacionamento ruim com a parceira e comportamento condicionado à masturbação e coitos rápidos. Dentre as causas orgânicas sugeridas, encontram-se: lesão do sistema nervoso autônomo simpático devido a cirurgias retroperitoniais, fraturas pélvicas, prostatite, hipertireoidismo, diabete mellitus, polineurite, esclerose múltipla, lesões raquimedulares ou acidentes vasculares cerebrais.

    A EP pode levar à depressão, desordens de personalidade, baixa auto-estima, prejuízo ao relacionamento conjugal e/ou interpessoal, diminuição da libido e, até, aversão ao sexo.


Tratamento

    O aconselhamento psicológico e a terapia comportamental devem preceder o uso de medicamentos no manejo da EP. É necessário um profissional treinado em sexualidade para fazer esta orientação, bem como a presença e colaboração da parceria. As técnicas comportamentais trazem um importante benefício inicial e dependem da motivação do paciente/casal, porém, o índice de abandono é alto. No início do tratamento, o índice de sucesso atinge 60%, mas a longo prazo diminui para aproximadamente 25%. As técnicas mais comumente empregadas são Stop-Start e Squeeze. Mas é a associação da psicoterapia com a terapia medicamentosa que parece ser a alternativa ideaL.

    O emprego dos inibidores específicos da recaptação da serotonina (IERS) (fluoxetina, sertralina, paroxetina e citalopran) é baseado no retardo ejaculatório como efeito colateral ao seu uso para depressão. Baseado no efeito destas drogas pode-se afirmar que é necessária a presença contínua do medicamento na corrente circulatória, para obtenção do máximo efeito. As drogas parecem agir sobre a ejaculação também quando são utilizadas sob demanda (somente na atividade sexual), mas a taxa de sucesso é menor. Os principais efeitos colaterais do IERS são: náusea, sensação de boca seca, tontura, cefaléia, fadiga, insônia e diminuição de libido. E são estes efeitos que levam à busca de uma alternativa terapêutica para uso sob demanda, com o intuito de reduzir os efeitos colaterais do uso diário destas drogas. Um novo inibidor do transporte da serotonina, ainda em estudo, chamado dapoxetina, tem rápida absorção e efeito e pode ser empregado 1 a 3h antes da atividade sexual.

    Clomipramina, que também é um antidepressivo (tricíclico), é utilizada para este fim. Também são conhecidos seus efeitos colaterais e os mais comuns são: boca seca, constipação, fadiga, sedação e zumbidos.

    Os tratamentos medicamentosos parecem ser eficientes enquanto o paciente utiliza as drogas, mas é importante a psicoterapia conjunta. Esta associação então, de terapia comportamental com a medicamentosa, é a forma de tratamento mais eficaz para o manejo da EP. E é a terapia comportamental que oferece resolução do problema.

    As cirurgias propostas para ejaculação rápida devem ser encaradas como procedimentos experimentais, indicadas para pacientes selecionados e realizadas em locais de pesquisa credenciados, baseados nas normas de pesquisa que envolve seres humanos da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e da resolução 1478/97 do Conselho Federal de Medicina. Estes procedimentos ainda não têm comprovação científica da sua eficácia.



Referências

1.    Seftel AD, Althof SE. Premature ejaculation. In: Hellstrom WJG. Male infertility and sexual dysfunction. 1st Ed. Springer Verlag, New York, USA. 1997: 356-61.

2.    Shabsigh R, Rowland D. The DSM-IV-TR as an appropriate diagnostic for premature ejaculation. J Sex Med 2007; 4: 1468.

3.    (McMahon CG, Waldinger M, Rowland D, Assalian P, Kim YC, Bechara A, Riley A. Ejaculatory Disorders. In: Ports H, Buvat J. Standard Practice in Sexual Medicine. Blackwell Publishing. USA. 1st Ed. 2006. pp 188-209.

4.    Laumann EO, Paik A, Rosen RC. Sexual dysfunction in the United States: prevalence and predictors. JAMA 1999; 281 (6): 537-44.

5.    Rosen RC. Curr Psychiatry Rep 2000; 2: 189.; 4; Frank E, Anderson C, Rubinstein D. Frequency of sexual dysfunction in “normal” couples. N Engl J Med 1978; 299: 111.

6.    Metz ME, Pryor JL, Nesvaci LJ, Abuzzahab FS, Koznar J. Premature ejaculation: a psychophysiological review. J Sex Marital Ther 1997; 23: 3.

7.    Rowland DL, Perelman M, Althof S, Barada J, McCullough A, Bull S, Jamieson C, Ho KF. Self-reported premature ejaculation and aspects of sexual functioning. J Sex Med 2004; 1: 225.

8.    Althof SE. Prevalence, characteristics and implications of premature ejaculation/rapid ejaculation. J Urol 2006; 175: 842.

9.    Symonds T, Roblin D, Hart K, Althof S. How does premature ejaculation impact a man’s life? J Sex Marital Ther 2003; 29: 361.

10.  Althof S. The psychology of premature ejaculation: therapies and consequences. J Sex Med 2006; 3 (suppl 4): 324.

11.  Godpodinoff ML. Premature ejaculation: clinical subgroups and etiology. J Sex Marital Ther 1989; 15: 130.

12.  (Waldinger MD. Lifelong premature ejaculation: from authority-based to evidence-based medicine. BJU Int 2004; 93: 201.

13.  Metz ME, Pryor JL. Premature ejaculation: a psycho-physiological approach for assessment and management. J Sex Marital Ther 2000; 26: 293.

14.  (McMahon DG, Abdo C, Incrocci L, Perelman M, Rowland D, Waldinger M. Disorders of orgasm and ejaculation in men. J Sex Med 2004; 1: 58.; McMahon CG. Premature ejaculation: past, present and future perspectives. J Sex Med 2005; 2: 94.

15.  Rowland DL et al. The psychological burden of premature ejaculation. J Urol 2007; 177: 1065.

16.  Rodrigues Jr OM. Ejaculação Precoce. In: Telöken C, Da Ros CT, Tannhauser M. Disfunção Sexual. Ed Revinter. 1Ed. Rio de Janeiro. Pp 183-191.

17.  DeAmicis LA, Goldberg DC, LoPiccolo J, Friedman J, Davies L. Clinical follow up of couples treated for sexual dysfunction. Arch Sex Behav 1985; 14: 467.

18.  Clarke M, Parry L. Premature ejaculation treated by the dual sex team method of Masters and Johnson. Aust N Z J Psychiatry 1973; 7: 200.

19.  Semans JH. Premature ejaculation: a new approach. South Med J 1956; 49: 353.

20.  Masters W, Johnson W. Human sexual inadequacy. Boston, MA, USA. Ed Little, Brown, 1970.

21.  Rowland D, Tai W, Slob A. An exploration of emotional response to erotic stimulation in men with premature ejaculation: effects fo treatmen with clomipramine. Arch Sex Behav 2003; 32: 145.

22.  Perelman MA. A new combination treatment for premature ejaculation: a sex therapist’s perscpective. J Sex Med 2006; 3: 1004.

23.  Rosen RC, Lane RM, Menza M. Effects of SSRIs on sexual function: a critical review. J Clin Psychopharmacol 1999; 19: 67

24.  Waldinger MD, Berendsen HH, Block BF, Olivier B, Holstege G. Premature ejaculation and serotonergic antidepressants-induced delayed ejaculation: the involvement of the serotonergic system. Behav Brain Res 1998; 92: 111.

25.  Hellstrom WJG. Current and future pharmacotherapies of premature ejaculation. J Sex Med 2006; 3 (suppl 4): 332.

26.  Jong TR, Veening JG, Olivier B, Waldinger MD. Oxytocin involvement in SSRI-induced delayed ejaculation: a review of animal studies. J Sex Med 2007; 4: 14.

27.  Waldinger MD, Hengeveld MW, Zwinderman AH. Paroxetine treatment of premature ejaculation: a doble-blind, randomized, placebo-controlled study. Am J Psychiatr 1994; 151 (9): 1377.

28.  Waldinger MD, Schweitzer DH, Olivier B. On-demand SSRI treatment of premature ejaculation: pharmacodynamic limitantions for relevant ejaculation delay and consequent solutions. J Sex Med 2005; 2: 121.

29.  Waldinger MD, Hengeveld MW, Zwinderman AH, Olivier B. Effect of SSRI antidepressants on ejaculation: a double-blind, randomized, placebo-controlled study with fluoxetine, flovoxamine, paroxetine and sertraline. J Clin Psychophamacol 1998; 18 (4): 274.

30.  Waldinger MD, Zwinderman AH, Schweitzer DH, Olivier B. Relevance of methodological design for the interpretation of efficacy of drug treatment of premature ejaculation: a systematic review and meta-analysis. Int J Impot Res 2004; 16: 369.

31.  Manasia P, Pomerol J, Ribe N, Guttierrez del Pozo R, Alcover Garcia J. Comparison on the efficacy and safety of 90 mg versus 20mg fluoxetine in the treatment of premature ejaculation. J Urol 2003; 170: 164.

32.  Wise TN. Sertraline as a treatment for premature ejaculation. J Clin Psych 1994; 55: 417.

33.  Yilmaz U, Tatlisen A, Turan H, Arman F, Ekmekcioglu O. The effects fo fluoxetine on several neurophysiological variables in patients with premature ejaculation. J Urol 1999; 161 (1): 107.

34.  Pryor JL, Althof S, Steidle C et al. Efficacy and tolerability of dapoxetine in the treatment of premature ejaculation. Lancet 2006; 368: 929.

35.  Althof SE, Levine SB, Corty EW, Risen CB, Stern EB, Kurit DM. A double-blind crossover trial of clomipramine for rapid ejaculation en 15 couples. J Clin Psych 1995; 56: 402-6.

36.  Seftel AD, Althof SE. For premature ejaculation, clomipramine shows promise. Contemp Urol 1996; 8: 25-8.

37.  Graziottin A, Montorsi F, Guazzoni G, DaPozzo L, Consonni P, Ferini L, Rigatti P. Combined fluoxetine and sexual behavioral therapy for premature ejaculation; one-year follow-up analysis of results, complications and success predictors. J Urol 1996; 155 (suppl): 497A.


Dr.Carlos Teodósio Da Ros

CREMERS 16962